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sábado, 20 de agosto de 2011

Algumas Novidades...

1. Em 2011, o Projeto de Iniciação Científica Voluntária (ICV), com bolsista não-remunerado, desativado a partir de agosto de 2010, foi reformulado e retornou em 2011, com características mais ou menos semelhantes, como Projeto de Iniciação Científica (IC), agora com bolsista CAPES (remunerada) e com vários assistentes-colaboradores.
2. A bolsista mais um dos assistentes-colaboradores estão cursando no SENAC um treinamento com o Microsoft Access, aplicativo que ora nos serve como formador de nossa Base de Dados.
3. A divisão de tarefas entre a bolsista e os assistentes-colaboradores está inteiramente funcional, no sentido de que cada um sabe exatamente com quais verbetes está lidando.

domingo, 22 de agosto de 2010

Apresentação de Justificativa

Na postagem "Caracterização do Problema" abaixo, deixei claro que a consecução do Projeto como um todo estava intimamente ligada à preparação que teriam os responsáveis diretos pelo Projeto. Foi justamente este ponto, o da "preparação" propriamente dita, que não foi cumprida a termo. Desta forma, tivemos diversos problemas de aprendizagem com o aplicativo Microsoft Access, todos de natureza prática, conforme se segue.

Primeiro, foi a desastrosa contratação de um professor de informática que acabou não cumprindo seu contrato conosco até o final, o que, como consequência, acabou nos atrasando os planos de inciar a alimentação de nossa base de dados. Assim, imobilizados pelo desconhecimento prático-teórico acerca do funcionamento do Microsoft Access, estivemos praticamente parados quando, de acordo com o calendário das atividades do nosso Projeto, já deveríamos estar produzindo a base de dados que daria origem ao nosso dicionário.

Teoricamente, porém, após algumas lições de Microsoft Access, conseguimos colocar no papel a forma que teria a nossa base de dados (BD). A primeira coluna seria o verbete propriamente dito (repetido sempre q o mesmo étimo tivesse acepções/significados diferentes); a segunda coluna seria a classe gramatical (só repetida em caso de haver mudança de acepção/significado); a terceira coluna seria o significado (copiado tal qual aparece no texto original); a quarta coluna seria a abonação (também copiada tal qual consta no original). Deixaríamos em branco a respectiva célula no caso de não constar qualquer informação referente no dicionário-base. Cada um dos verbetes teria tantos desdobramentos morfológicos quantos fossem as acepções/significados do mesmo étimo a serem alimentadas em nossa BD. As quatro primeiras colunas de nossa BD seriam dedicadas ao dicionário-base, o Password.

Em seguida, sempre de quatro em quatro colunas, acrescentaríamos os demais dicionários -- todos aparentemente com menos verbetes que o dicionário-base. Como os demais dicionários de nossa BD teriam menos verbetes, sobrariam células nos demais dicionários. Estas seriam porventura utilizadas caso surgissem nesses outros dicionários étimos e/ou acepções/significados que não constassem no dicionário-base. Tanto quanto possível, faríamos com que coincidissem, na mesma linha horizontal, significados/acepções idênticas -- sempre tendo o dicionário-base como parâmetro.

O mais importante na alimentação da nossa BD seria obviamente o tratamento dado às palavras cognatas. Para tal, seria importante diferenciá-las dos demais verbetes colocando todos os cognatos em maiúsculas, o
que já facilitaria sua varredura posterior.

[Segue...]

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A propósito da técnica lexicográfica e da "invenção semibilíngue"...

É claro (?) q a "invenção" do conceito de dicionário "semibilíngue" surgiu através do editor israelense Lionel Kernerman e, logo a partir de seu aparecimento, passou a ser utilizado indistintamente por lexicógrafos no mundo todo, com os créditos sempre consignados ao seu "inventor" de direito.

Acontece q, pelo menos em termos de Brasil, a utilização da mesma "técnica" lexicográfica (com a acepção q Kernerman lhe conferiu) precede a "invenção" do termo "semibilíngue", este q surgiu com o dicionário do editor israelense -- em termos idênticos aos q foram utilizados nessa "técnica" lexicográfica e na "invenção" do termo "semibilíngue", q são "animais" totalmente diferentes. No início dos anos 1980, em 1982 para ser mais preciso, poucos anos antes da "invenção" do conceito por parte de Kernerman, a Profa. Rosa W. Konder (UFSC) fez publicar, no Brasil, através da editora Ao Livro Técnico (em co-edição com a Longman), um dicionário bilíngue de bolso com características em tudo semelhantes àquelas do Password, o tal dicionário de L. Kernerman.

A seguinte declaração do editor israelense (cito, em http://kdictionaries.com/newsletter/kdn11-10.html), a meu ver, não o livra da pecha de plagiador de ideias alheias -- haja vista sua capacidade de distorcer os fatos, descontruindo-os todos a seu favor. Vejamos, portanto, o q o editor israelense tem a dizer, puxando a brasa sempre pra sua própria sardinha:

"Published on January 1, 1986, Oxford Student’s Dictionary for Hebrew Speakers (OSDHS) was not the first dictionary of its kind. As noted in my Publisher’s Preface at the time, 'This is not the first attempt to publish a semi-bilingual dictionary (SBD). However, this is the first such dictionary ever published in any language for the intermediate-to-advanced level and the only one based on a learner’s dictionary with an established world-wide reputation' [my italics]. Previous SBDs for learners of English at the elementary-to-lower-intermediate level, include:


- In 1982, Longman co-published with AO Livro Technico [sic], in Brasil, a 10,000-word SBD, entitled Longman English Dictionary for Portuguese Speakers, by Rosa W. Konder [my italics].
- In the same year, Harrap published an SBD written by P.H. Collin, called Harrap’s Dictionaire de 2000 Mots, Anglais-Francais.
In Beirut, Librairie du Liban published a 20,000-word SBD in 1985: Al-Mufid, A Learner’s English-Arabic Dictionary, by Nasr and Al-Khatib.
- OUP published that year a 2500-word SBD called First Dictionary for French-Speaking Africa.


It is possible that other SBDs appeared before, that have not come to my attention. Other dictionaries I have occasionally heard about turned out to be not semi-bilingual but rather, to use R.R.K. Hartmann’s term, “bilingualized”, in which not only the headword is translated, but the definitions and/or examples are translated as well.


In Israel, the appearance of OSDHS and, in 1987, Harrap’s English Dictionary for Speakers of Arabic, marked the first official recognition of the use of the mother tongue in the foreign language classroom. The acceptance was so complete, that it has eventually become the only type of dictionary permitted in the English matriculation examinations, which are themselves geared to this dictionary. Monolingual dictionaries are not permitted in the school sytem at all, and bilingual dictionaries may be used by students at the lower level of matriculation.


OSDHS had over 50 reprintings of the first two editions (2nd ed. published in 1993). Its impact on pedagogical lexicography and English learners’ dictionaries goes well beyond Israel, in many countries and languages worldwide".

Insisto q, no comunicado acima, o editor israelense pode até "informar" q "sua" ideia não é original, mas, ainda assim, ele insiste em dizer q é, (talvez) de direito (mas não de facto), o "criador original" da técnica denominada "semibilíngue" pq o seu dicionário "é o único baseado num dicionário para aprendizes com uma reputação sólida em todo o mundo", como se os outros tb não o fossem. Por q então vc não manteve essa declaração na 2. ed. de seu dicionário? Outra pergunta pertinente: vc por acaso conhece as fontes de todos esses dicionários com características idênticas publicados antes do seu? Sim, pq pelo menos as fontes do dicionário da Profa. Rosa W. Konder jamais seriam melhores nem tampouco piores do q as do seu dicionário. Qdo vc falar do dicionário da Profa. Rosa W. Konder, lembre-se de q vc está falando com alguém q é qualificadíssima em termos de lexicografia, ou seja, vc não está falando com uma qualquer! O seu dicionário, Sr. Kernerman, foi "original e simplesmente" traduzido; o dela, ao q tudo indica e a julgar pelo nível de seu conhecimento lexicográfico de português e de inglês, não o foi. Portanto, fique o Sr. sabendo q o dicionário da Profa. Konder É muito mais original q o seu, de facto e de direito!

Acontece tb q, apesar da apenas aparente felicidade da "invenção" da palavra "semibilíngue", a própria formação morfossemântica do termo é, no meu entendimento, antitética por natureza e, mesmo, um tanto qto absurda. Observem q o prefixo "semi-" significa "metade, meio" (tanto em inglês como em português), e o substantivo "bilíngue" quer dizer, entre outras definições, q um indivíduo "fala, ou seja, é fluente em dois idiomas". São, portanto, termos contraditórios, antitéticos, qual seja, um praticamente anula a acepção do outro. O neologismo "semibilíngue" quereria dizer, por acaso, q um indivíduo fala ou é fluente em duas línguas "pela metade"? Em quais circunstâncias isso pode ocorrer?

Bom, talvez o termo "semibilíngue", utilizado num contexto específico, refira-se ao conhecimento dum estudante de LE em contraste com (ou em relação a)o conhecimento q esse mesmo estudante tem (apenas por ser falante nativo alfabetizado?) de seu próprio idioma, e vice-versa. Mas aí teríamos, a meu ver, q redefinir parte da ciência linguística como um todo para q os componentes morfossemânticos da palavra "semibilíngue" não se mostrassem tão contrários um ao outro como o são na realidade.

Oportunamente, ainda voltarei ao presente tema.

Bom Ano Novo a todos!

1. Caracterização do Problema:

No contexto das línguas neolatinas, Raphael Bluteau (1638-1734), o grande dicionarista (britânico de nascimento e português por adoção), é tido como um dos principais consolidadores de certo sistema lexicológico e lexicográfico de caráter bilíngue (Latim e Português) e trilíngue (incluindo o Espanhol), que, em contextos linguísticos extra-neolatinos de sua época, era, pelo que se conhece, uma opção mais ou menos indisponível. Com várias modificações de praxe conhecidas ao longo do tempo, ainda hoje tal sistema opera no mundo lusófono (ver: PONCE DE LEON; DUARTE, 2005) – basta perceber as justas homenagens que, nos dois lados do Atlântico, Caldas Aulete, Aurélio e Houaiss já prestaram a Bluteau em diferentes épocas e contextos (ver: GONÇALVES, 2006).
Na história da língua inglesa, o mais importante pioneirismo lexicográfico monolíngue coube, desde sempre, ao Dr. Samuel Johnson (1709-1784) com a publicação, em 1755, do seu A Dictionary of the English Language (ver: CRYSTAL, 2001, p. 74-75). As definições de Johnson para o vocábulo “lexicographer” (lexicógrafo) incluíam: “a writer of dictionaries” e “a harmless drudge, that busies himself in tracing the original, and detailing the signification of words” (JOHNSON apud CRYSTAL, 2001, p 74). Esse “‘burro de carga’ inofensivo” (“harmless drudge”), “que se ocupa em traçar as origens e detalhar a significação das palavras”, continua, ao que tudo indica, sofrendo horrores, ainda hoje, para detalhar o significado do que hoje são tratadas como “unidades lexicais”. Como era de se esperar, com o tempo foram surgindo mais e maiores interrogações quanto ao exaustivo trabalho dos lexicógrafos e, mais ainda, quanto à metodologia geral empregada na confecção dos dicionários.
Os usos (e abusos) do processo de leitura em língua estrangeira (LE) por parte de aprendizes fizeram com que, nesse processo, se tornasse mais e mais dispensável a utilização de dicionários bilíngües de bolso (LE-Português/Português-LE). Estes, por sua vez, nem sempre trazem respostas prêt-à-porter, ou, pior ainda, uma resposta cuja chance de ver suprido, em primeira mão e de forma exata, o significado contextualizado mais próximo de qualquer unidade lexical, polissêmica e desconhecida pelo usuário em suas várias acepções – o que ao usuário não deixou de ser desalentador. Sem embargo, dicionários desse tipo sempre estiveram tradicionalmente distantes de suprir todas as necessidades mais imediatas de leitores e usuários em geral. Até porque esses dicionários podem e devem ser utilizados apenas como “ferramentas de auxílio à leitura”, há ainda muitos outros reflexos, positivos e negativos, quanto ao modo mais apropriado de sua utilização. Começa porque os dicionários bilíngues de bolso atualmente disponíveis no mercado são limitados por vários aspectos, ora meramente descritivos (como na apresentação geral dos verbetes), ora onde quer que existam escolhas cada vez mais sensíveis para facilitar a consulta aos usuários, como comentam DURAN; XATARA (2006) e HUMBLÉ (2006).
Aliás, é nesses pesquisadores de “metalexicografia pedagógica” que se nota como é complicado lidar com lexicografia a partir dos corpora dos dicionários bilíngues de bolso, muitos deles coligidos às pressas e/ou com poucos critérios de escolha lexical. Tais dicionários variam na apresentação geral das unidades lexicais e na presença (ou ausência) de “instruções de uso”; isso sem falar na nomenclatura utilizada nos verbetes e na utilização de abreviaturas e símbolos. As dúvidas se acumulam. Afinal, usa-se uma transliteração para o português ou o International Phonetic Alphabet para a transcrição da pronúncia? As definições e abonações na língua de partida (ao invés de apenas defini-las secamente na língua de chegada, como é mais comum) foram o principal sintoma da inovação proposta no Password, cuja 1. ed. brasileira data de 1991. Ao lado de outros dois ou três dicionários bilíngues de bolso (porventura menos qualificados, mas também de grande circulação no mercado), o Password servirá como um dos guias para a pesquisa aqui proposta.
Este Projeto de pesquisa propõe um upgrade, a partir da inovação do Password, em cima da sua proposição “semibilíngue”, sobretudo levando em conta que quase sempre existem aspectos decorrentes das preocupações mencionadas que podem ser aperfeiçoados caso sejam adotadas medidas para tornar a consulta ainda mais atrativa aos usuários. Tal renovação terá como principal objetivo a extração (total ou, no mais das vezes, apenas parcial) de unidades lexicais cognatas extremamente óbvias que ainda tomam muito espaço nos corpora desses dicionários. Em meio à globalização atual, a definição e a tradução de um adjetivo como “automatic”, por exemplo, não têm lá mais tanto “appeal”. Isto porque, hoje, o nível de background knowledge dos consulentes é muito mais alto do que há trinta, quarenta anos, o que torna desnecessárias a definição, a abonação e a tradução interlingual de muitos verbetes, e abre um espaço considerável para “enxugar” o produto final, limar suas arestas. E aqui entra em cena outro norte da pesquisa: as obras mais atuais de Agenor Soares dos Santos (2006; 2007). A primeira, sobre a elevada presença de anglicismos no léxico do português do Brasil (SANTOS, 2006), sobretudo após o advento da internet; a segunda, com informações recentes sobre unidades lexicais cognatas, os “faux amis”, expressão francesa para “falsos cognatos”, ou melhor, “cognatos enganosos” ou “enganadores”, como preferem o próprio Santos (2007), e Sabino (2004), entre outros. Percebe-se assim que uma varredura de tal monta aliada a uma consequente recopilação dos dados implicarão, possivelmente, em uma renovação do conceito lexicográfico de “dicionário semibilíngue” proposto ainda em meados dos anos 1980 pelo editor mundial do Password, o israelense Lionel Kernerman.

Salve!

Olá!

Aqui estamos para falar sobre nosso projeto de iniciação científica voluntária (ICV) que versa sobre dicionários bilíngues de bolso.

Devidamente registrado na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) da Universidade Federal do Piauí - UFPI, o título oficial de nosso projeto é: "Lexicografia Crítico-Contrastiva de Dicionários Bilíngues de Bolso Inglês Português / Português-Inglês".

Como palavras-chave temos: Lexicologia, Lexicografia, Metalexicografia, Metalexicografia pedagógica, Dicionários bilíngues de bolso (inglês-Português / português-inglês), Dicionário semibilíngue, Password, Linguística de corpus, Linguística computacional.

Pretendemos, posteriormente, postar todos os detalhes sobre nosso projeto, tal como foram sendo desenvolvidos cada um deles a partir da idalização do projeto.

Até lá!

Quem sou eu

Teresina, Piauí, Brazil
Professor de língua inglesa no Depto. de Letras da Universidade Federal do Piauí - UFPI desde 2002. Doutor em Letras pela Universidade de Minnesota - Twin Cities, título obtido em 2000.